No AmazonasCast desta semana iremos conversar com Henrique Terroni, fundador e CEO da Liomeal, fabricante…
Não confie em rótulos!
Uma das maiores pegadinhas da indústria de alimentos: RÓTULOS! Sim, nossa legislação permite que as indústrias se utilizem de algumas manobras para tentar nos enganar.
Primeiro Passo:
Não se detenha nas mensagens promocionais das embalagens (Zero açúcar, zero gordura trans). Vá direto à tabela de informações nutricionais e à lista de ingredientes. É ali que vamos achar a verdadeira composição daquele alimento.
Até aí tudo bem, mas e como interpretar tantos dados?
Informações Nutricionais: por lei, as empresas são obrigadas a colocar nesta tabela apenas valor calórico (calorias), carboidratos, proteínas, gorduras, fibras, sódio, vitaminas A e C e os minerais cálcio e ferro. Qualquer outra informação além disso fica a critério da empresa colocar ou não.
O que devemos buscar nessas informações?
Calorias – sob o ponto de vista da nutrição funcional, nosso organismo não reconhece calorias, mas nutrientes. Aquele valor de 2000kcal é apenas uma referência e não vale para todos. Cada organismo é individual e tem necessidades específicas. De que adianta um alimento de baixo valor calórico e cheio de componentes prejudiciais à saúde? O aspartame tem zero calorias e um monte de estudos relacionando ele com risco maior de desenvolvimento de câncer. O óleo de coco é repleto de calorias, contudo, funciona como termogênico, acelerando nosso metabolismo.
Carboidratos – aqui entra todo tipo de carboidrato, desde massas, arroz, xaropes, açúcares, etc. Para saber se o carboidrato que você consome é do bom, vale espiar a lista de ingredientes.
Proteínas – vale a mesma regra dos carboidratos.
Gorduras – alguns rótulos dividem as gorduras em saturadas, insaturadas e trans. A saturada e as insaturadas podem ser consumidas. Já a gordura trans, de tão prejudicial, nem tem um valor diário recomendado de consumo. Por lei, os fabricantes só são obrigados a colocar a quantidade de gordura trans quando essa ultrapasse 1% da porção. Para não ter que declarar a existência dela, os eles acharam uma solução engenhosa: criaram porções menores. Como assim? Observe um pacote de bolacha recheada. Geralmente aparece lá: 01 porção = 1 ¾ de biscoito. Quem é que consome 1 biscoito inteiro e mais ¾ do segundo biscoito? Ou é um ou é dois, certo? Então porque esse ¾ ? Porque acima disso já teria mais de 1% de gordura trans na porção e o fabricante teria que admitir que o produto dele tem essa gordura na formulação.
Pegadinha!
Fibras – o consumo diário deve ser de 25 a 30g por dia. Elas são importantes para melhora o trânsito intestinal e baixar o índice glicêmico do alimento, evitando diabetes. Procure alimentos com mais fibras (que contenham pelo 1.5g na porção).
Sódio – o consumo diário recomendado é 2400mg. Isso equivale a 6g de sal de cozinha. Procure alimentos com menos sódio para evitar retenção de líquidos e hipertensão arterial. Lembre-se: muitos alimentos trazem sódio escondido: enlatados e embutidos, por exemplo.
Passada a tabela de informações nutricionais, dê uma lida nos ingredientes. A regra aqui é: os ingredientes aparecem em ordem de concentração, ou seja, o primeiro da lista é o que mais tem, o segundo é segundo que mais tem e assim vai. Uma pegadinha bem comum aqui é o pão integral. Observe no mercado: a maioria dos pães ditos integrais na verdade trazem como primeiro ingrediente a farinha de trigo enriquecida com ferro e ácido fólico (farinha refinada) e somente em terceiro lugar a farinha integral (atrás ainda do açúcar).
Outras pegadinhas:
O zero açúcar não tão zero assim? são sinônimos de açúcar muito utilizados em rótulos: xarope de glicose, glucose de milho, frutose, maltodextrina, dextrose, glucose, maltose. Cuidado com eles. Todos, especialmente a frutose (essa aqui e não a das frutas tá?) são altamente inflamatórios para fígado e colaboram no ganho de peso e desenvolvimento de diabetes.
O zero trans – esses dias li a embalagem de uma margarina falando que era zero trans. What?? Margarina é a própria gordura trans e não tem nada que coloquem nela que deixe ela saudável (nem mesmo os betasitosteróis ? quer comer betasitosterol come abacate ? ). Além desse nome também podem aparecer: gordura vegetal hidrogenada, gordura vegetal interesterificada, creme vegetal, creme vegetal hidrogenado.
O zero lactose – cuidado com esses. Zero lactose nem sempre é zero, mas sim com pequena porcentagem (mais uma vez a lei e suas porções). Além disso, zero lactose não significa sem leite e sim sem lactose, que é o açúcar do leite. A proteína do leite, alergênica e responsável por sintomas como dor de cabeça, alergias respiratórias, refluxos, etc ainda está lá.
E por fim, o light – light é um produto que teve algum dos seus ingredientes reduzido ou substituído por outro. Nem sempre esse ingrediente é o açúcar. Pode ser a gordura ou o sódio, por exemplo. Vale a pena conferir os ingredientes. Além disso, sai o açúcar entra o aspartame, adoçante artificial associado a maior risco de câncer e obesidade.
Bateu o desespero?
Na hora de escolher tenha em mente o seguinte princípio: quanto menos ingredientes, melhor. Mais saudável é o alimento. E na dúvida, opte pela versão mais natural possível!
Texto feito pelo nutricionista Duda Nordi
Instagram: @dudanordinutricionista
Este post tem 0 comentários